No dia 24 de Abril de 2012, as turmas de Segurança do
Trabalho do IFRS fizeram uma visita técnica à FIEMA. A maioria dos alunos apenas visitou
a Feira em si, mas alguns participaram de um dos eventos simultâneos, o Seminário
de Segurança do Trabalho. Nele, o engenheiro Jaques Sherique falou
sobre o sistema de Gestão de Riscos. Como um dos alunos que assistiram o curso,
irei fazer uma breve resenha sobre a palestra.
O Seminário
Ocorrendo pela manhã, a série de palestras que formaram o
segundo Seminário de Segurança do Trabalho foram voltadas para o público de
SST, que também se encontrava em casa na FIEMA em si. Reunindo quatro
renomados engenheiros do trabalho, o Seminário foi um grande diferencial para
todos que conseguiram assisti-lo. O material dos seminários foi disponibilizado
pela FIEMA neste
link.
O Palestrante
Jaques Sherique é engenheiro mecânico com pós-graduação em
Engenharia de Segurança do Trabalho. Foi diretor do Departamento Nacional de
Segurança e Saúde do Trabalhador do Ministério do Trabalho, de 1991 a 1992. Recebeu a
comenda “Distinção Profissional 2001, da FENATEST/ABPA, medalha Jubileu de
Prata “Antonio Carlos Barbosa Teixeira”, pelos 25 anos de serviços prestados a
Engenharia de Segurança do Trabalho, da SOBES em novembro de 2003 [informações
retiradas daqui].
A Palestra
Jaques Sherique está na vanguarda da SST no Brasil.
Justamente por isso, muito do que ele fala parece impraticável em
nossa realidade (e infelizmente, algumas vezes de fato é).
Ele começou a palestra explicando alguns conceitos básicos.
A gestão de riscos foca em prevenir o acontecimento do risco em si,
e não prevenir que o risco se transforme em um sinistro. Se, por exemplo, se
usam EPIs em um sistema de gestão de riscos, o sistema é falho.
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É preciso entender a diferença entre erro e falha. Erro sempre
vem de um humano, falha sempre vem de máquinas e equipamentos (lembre-se: errar
é humano) e um acidente apenas acontece quando ambos estão presentes. O sistema
de gestão de riscos não pode se basear única e exclusivamente no PPRA da
empresa, pois o PPRA trata apenas de riscos ambientais (os quais representam
apenas 10% dos acidentes, como visto no slide abaixo).
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Após falar desses conceitos básicos, o palestrante falou de
coisas como as tendências atuais da Saúde e Segurança do Trabalho, alguns índices
de acidentes do trabalho e ferramentas da previdência social para monitorar
acidentes no Brasil. Para não estender ainda mais esse post, falarei agora das ferramentas de gestão de riscos apresentadas por ele.
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Primeira ferramenta – ‘O que se’; antecipação. Uma técnica
qualitativa, que testa possíveis omissões em projetos, procedimentos e normas e
ainda aferir comportamento, capacitação pessoal e etc. Vem de 'what if' e
revisa os riscos do processo. Depois de se avaliar o planejamento, se traz possíveis
soluções para os problemas levantados. Também serve como fonte de treinamento.
Segunda ferramenta - Checklist; reconhecimento. Outra técnica
qualitativa, ideal como primeira abordagem na analise de riscos. Uma ferramenta
já muito conhecida, deve ser feita uma para cada posto de trabalho. O checklist
deve evitar avaliar a gravidade do risco e encorajar a identificação e divulgação
dos riscos. De preferência, evite se limitar ao questionamento ‘e se...’.
Terceira ferramenta - Série de Riscos. Uma analise
qualitativa que tem como objetivo inibir seqüências de fatos graves e sua repetição.
A análise é feita baseada em causa-efeito, descrevendo o fenômeno e determinando
um elenco de inibições. Um bom método pra se analisar uma serie de riscos é entrevistar
acidentado e testemunhas.
Quarta ferramenta - Técnica de Incidentes Críticos; TIC. É
um método para identificar erros e falhas que contribuem para a ocorrência de lesões
reais. Basicamente, se analisa os incidentes e se avalia como evitar que eles
virem acidentes.
Quinta ferramenta – Análise Preliminar de Riscos; APR. Outra
ferramenta já bem conhecida, consiste em uma análise de todos os riscos existentes
em determinada atividade, bem como soluções para seu devido controle. Importante
ressaltar que a APR sozinha não é gestão de riscos, é simplesmente um passo para
um processo maior.
Sexta ferramenta - Análise de Modos de Falha e Efeitos; AMFE. Uma análise detalhada podendo ser qualitativa ou quantitativa que
analisa os modos que um equipamento pode falhar, estimando possibilidade de
falhas. Define-se a confiabilidade e a probabilidade das falhas, estabelecendo
como e quão freqüentemente os componentes falham. Os modos básicos de falhas devem
ser categorizados em 4 grupos: falha em operar no instante prescrito; falha em cessar
de operar no instante prescrito; operação prematura e falha na operação.
Sétima ferramenta - Análise de Operabilidade de Perigos; HAZOP. Uma análise que identifica perigoso e previne problemas, vem das
palavras hazard e operability. Indicado principalmente na implantação de novos
processos ou reformas. É ideal que seja feito antes mesmo da fase de detalhamento
e construção do projeto. É uma técnica semelhante ao AMFE, mas se fixa nos
desvios que levam às falhas, agindo antes do AMFE. A operabilidade é tão
importante quanto a identificação dos perigos.
Oitava ferramenta - Análise de Árvore de Eventos; AAE. Identifica
as várias e possíveis conseqüências resultantes de um certo evento inicial.
Décima ferramenta - Análise de Árvore de Falhas; AAF. Um
estudo dos fatores que levam às falhas.
Décima primeira ferramenta - Análise de Causas e Conseqüências;
ACC. O estudo da AAF e AAE para uma completa avaliação dos desvios e conseqüências.
Décima segunda ferramenta - Gerenciamento de Árvore de Riscos;
GAR. Uma técnica que usa um raciocínio semelhante à AAF, mas aplicada à
estrutura gerencial e administrativa da empresa.
ALARA
versus ALARP - As Low as Reasonably Achievable. Os riscos devem ser
reduzidos desde que sejam razoáveis comparados com os benefícios obtidos. Ou
seja, tão baixo quanto razoavelmente possível.
Última ferramenta - Análise de Causa de Acidentes. Como próprio nome diz, uma profunda análise de
acidentes, levando em conta 13 fatores divididos em dois grupos.
Essa foi a palestra assistida por alguns alunos e pelo professor Danilo. Pessoalmente, me interessei muito pela Gestão de Riscos e passei a ver com outros olhos todos os métodos já me ensinados de SST. Para mais informações, baixem o material no link já falado.
Imagens retiradas do material de Jaques Sherique, distribuído pela organização da FIEMA com sua devida permissão.
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